Contextualização

"The only reality is mind and observations, but observations are not of things. To see the Universe as it really is, we must abandon our tendency to conceptualize observations as things." [ ...] "The Universe is immaterial — mental and spiritual. Live, and enjoy". The Mental Universe, by Professor Richard Conn Henry, July 2005, Department of Physics and Astronomy, Johns Hopkins University

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Praticar a Vacuidade - libertação do sofrimento



“O propósito de compreender a vacuidade e meditar sobre ela é livrar a nossa mente de concepções erróneas e aparências equivocadas, para que nos possamos tornar um ser completamente puro, ou iluminado, um ser livre, ou seja, possuidor de uma mente vazia.”

Foi praticamente assim que terminamos o post anterior sobre a Vacuidade (Emptiness), e é do mesmo modo que iniciaremos este próximo post aprofundando o que são concepções erróneas e aparências equivocadas.

A vacuidade consiste na pura e verdadeira felicidade, na felicidade suprema, na fuga do mundo conceptual para o mundo real e vazio. A vacuidade liberta-nos de apegos, medos, perdas, instintos e qualquer outro tipo de conceitos que sirva como elo de separação de pessoas, causas, objetivos ou mentes. 

Naturalmente que não será fácil alcançar este estado, mas também ninguém disse que assim seria, e, portanto, temos uma vida para nos dedicarmos a tal. Mais importante ainda, temos o AGORA para nos dedicarmos a tal propósito. 

Entender a vacuidade passa por perceber o que nos impede de a alcançar – as concepções erróneas e aparências equivocadas.

Neste contexto:
=> o termo “concepção errônea” refere-se à ignorância do auto-apego – uma mente conceitual que se agarra aos objetos como se fossem verdadeiramente existentes; e,
=> “aparência equivocada” refere-se à aparência de existência verdadeira dos objetos.

 Concepções erróneas: ignorância do auto-apego

Resultado de imagem para auto apego budismoExistem dois tipos de auto-apego: de pessoas e de fenómenos. Com o primeiro, agarramo-nos ao nosso próprio eu e ao eu dos outros como se fossem verdadeiramente existentes; com o segundo, agarramo-nos aos demais fenómenos como se fossem verdadeiramente existentes. 

As mentes que apreendem nosso corpo e mente, nossas posses e o mundo como verdadeiramente existentes são exemplos do auto-apego de fenómenos. 

A principal finalidade de meditar sobre a vacuidade é reduzir e, por fim, eliminar os dois tipos de auto-apego. 


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"O apego é exatamente o oposto do amor"

O auto-apego é a fonte de todos os nossos problemas; nosso sofrimento é diretamente proporcional à intensidade do nosso auto-apego.



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Por exemplo, quando nosso auto-apego está muito forte, ficamos aborrecidos até quando alguém nos provoca de brincadeira, ao passo que em outras ocasiões, quando está mais fraco, podemos até rir com a pessoa que nos provocou. 

Uma vez que tenhamos destruído por completo nosso auto-apego, todos os nossos problemas desaparecerão naturalmente. 
Até temporariamente, meditar sobre a vacuidade é muito útil para superarmos ansiedade e preocupações (fonte).

Aparências equivocadas: dualidade sujeito-objecto 
Para compreender como o sofrimento aparece, pratique observar a sua mente. Comece simplesmente deixando-a relaxar. Sem pensar no passado nem no futuro, sem sentir esperança nem medo em relação a isto ou aquilo, deixe que ela repouse confortavelmente, aberta e natural. Nesse espaço da mente não há problemas, não há sofrimento. 
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Então, alguma coisa prende sua atenção – uma imagem, um som, um cheiro. Sua mente se subdivide em interno e externo, “eu” e “outro”, sujeito e objeto. 
Com a simples percepção do objeto, não há ainda nenhum problema. Porém, quando você se foca nele, nota que é grande ou pequeno, branco ou preto, quadrado ou redondo. 
Então, você faz um julgamento – por exemplo, se o objeto é bonito ou feio. Tendo feito esse julgamento, você reage a ele: decide que gosta ou não gosta do objeto.
É aí que o problema começa, pois “Eu gosto disto” conduz a “Eu quero isto”. Igualmente, “Eu não gosto disto” conduz a “Eu não quero isto”. 
Se gostamos de alguma coisa, se a queremos e não podemos tê-la, nós sofremos. Se a queremos, a obtemos e depois a perdemos, nós sofremos. Se não a queremos, mas não conseguimos mantê-la afastada, novamente sofremos. Nosso sofrimento parece ocorrer por causa do objeto do nosso desejo ou aversão, mas realmente não é assim – ele ocorre porque a mente se biparte na dualidade sujeito-objeto e fica envolvida com querer ou não querer alguma coisa.
Com frequência, pensamos que o único meio de criar felicidade é tentando controlar as circunstâncias externas da nossa vida, tentando consertar o que nos parece errado ou nos livrar de tudo o que nos incomoda. Mas o verdadeiro problema encontra-se em nossa reação a estas circunstâncias. O que temos que mudar é a mente e a maneira como ela vivenciamos a realidade (fonte - ler mais ...)
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A conceptualização não é o caminho para descobrirmos a nossa luz, descobrir a verdade última, esta apenas descobre a tua verdade privada, a tua verdade pessoal, por isso, nós lutamos por cada uma das nossas verdades porque a tua verdade e a minha verdade são diferentes. Esta será a maneira de causar problemas. Mas, pelo menos, tu necessitas de respeitar a verdade dos demais", dito pelo mestre Tulku Lama Lobsang sobre Sectarismo



Assim sendo, o universo é mental, a felicidade é vazia (de conceitos e dualidades). 
Qual será a tua verdade?

Veja também a realidade além da própria realidade, este será um dos assuntos abordados no próximo post, esteja atento!

Sugestões de Leitura:
 Breve História do Monismo
A Mecânica Quântica e o Pensamento de Amit Goswami (UNL-FCT - Dissertação de Doutoramento

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